Álcool na gestação prejudica desenvolvimento cognitivo da criança

Pesquisa mostrou que o malefício pode se manifestar na idade escolar
Crédito: Shutterstock
 
Todas as mulheres sabem que beber durante a gravidez é totalmente contraindicado. Porém, muitas gestantes ainda deixam de lado essa medida e acabam consumindo algumas doses de álcool, achando que um drink ou outro de vez em quando não faz mal. Mas, faz, principalmente no desenvolvimento futuro da criança.
 
De acordo com uma nova pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, o consumo de álcool durante a gestação pode prejudicar o desenvolvimento cognitivo das crianças quando estas estiverem em idade escolar.
 
Segundo o estudo brasileiro, as crianças cujas mães admitiram a ingestão de álcool em uma quantidade de três ou mais doses por mais de nove dias durante toda a gestação tiveram pontuação média menor no teste de avaliação cognitiva a que foram submetidas. O estudo apresentado pela psicóloga Luciana Inácia de Alcântara aponta ainda que os meninos, filhos destas mães, apresentaram problemas comportamentais.
 
Essa característica ainda pode gerar muitos problemas de aprendizagem, pois o desenvolvimento cognitivo está relacionado à abstração, atenção, linguagem receptiva, função executiva, concentração, memorização e ao julgamento crítico. “Mesmo em uma amostra relativamente restrita de mães e crianças e, com dados por vezes conflitantes em relação ao consumo de álcool durante a gestação referido pelas mães, associações significativas, mesmo com uso leve e moderado de álcool, foram observadas” conta a pesquisadora.
 
Avaliações
 
Para a realização da pesquisa, a psicóloga Luciana entrevistou pais e cuidadores de 86 crianças entre 8 e 9 anos, cujas mães, em 2001, no terceiro trimestre de gestação, foram questionadas sobre o consumo que faziam de álcool. Essas mulheres frequentavam, na época, um serviço obstétrico da rede pública no município de Ribeirão Preto.
 
Mais recentemente, já com esses filhos frequentando o ensino fundamental, os pais ou cuidadores foram submetidos ao teste chamado Child Behavior Checklist (CBCL 6-18 anos), que permite que se avalie saúde mental de crianças por meio de perguntas feitas aos pais. Já a avaliação cognitiva das crianças, iniciada em agosto de 2009 e finalizada em outubro de 2010, visava estimar a capacidade de raciocínio geral delas e foi feita por um teste individual e não-verbal, comumente aplicado entre os 3 anos e 6 meses e 9 anos e 11 meses de idade.
 
Segundo dados do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas (Cebrid) de 2005, 5,7% das mulheres consomem bebida alcóolica, e um estudo publicado em 2007 pelo grupo da pesquisa em Ribeirão Preto apontou que 22% das mulheres fazem uso de álcool durante a gravidez.
 
Fonte: Uol

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